Na última temporada, o corpulento jogador de 27 anos da terceira linha tornou-se o primeiro jogador do país andino a assinar contrato com um clube inglês, o Doncaster Knights, da segunda divisão do poderoso campeonato do país berço do esporte.
No sábado, Sigren, capitão do Los Condores desde 2020, enfrentará a equipe nacional de seu país adotivo com o sonho quase impossível de dar ao Chile sua primeira vitória na Copa do Mundo após as derrotas para o Japão e Samoa.
Acompanhe Inglaterra x Chile, ao vivo, pelo Flashscore
"Ele chegou até nós por meio de um agente que trabalha com jogadores de países emergentes", disse o diretor de rugby do Knights, Steve Boden, à AFP na quarta-feira.
"Tínhamos muitas lesões na época e decidimos fazer um teste com Martin", acrescentou.
"Tivemos algumas conversas por videoconferência para ver que tipo de pessoa ele era, o que para nós é acima de tudo, e depois para descobrir o que ele queria fazer no rugby." "Parecia uma boa opção na época e decidimos trazê-lo", diz ele.
Sigren chegou à Europa depois de algumas temporadas no Selknam, a franquia profissional chilena que participa do Super Rugby Americas, com a qual conquistou o vice-campeonato em 2022.
Depois de voar 11.000 quilômetros de Santiago até Yorkshire, no nordeste da Inglaterra, os ingleses puderam ter uma ideia melhor do que o chileno poderia trazer para a mesa.
Siga a Copa do Mundo de Rugby no Flashscore
"Quando o vimos, ele tinha alguns aspectos de seu jogo que precisavam ser trabalhados, como habilidade (com a bola) e compreensão do jogo, mas também era muito bom no lineout e muito agressivo", disse o técnico da Inglaterra.
"Provavelmente, em termos de compreensão do jogo, criatividade, jogadas de bola parada e velocidade, ele talvez estivesse um pouco atrás do nível do campeonato, mas fisicamente estava no mesmo nível", explicou Boden. "Ele se encaixava bem para nós", diz ele.
A cereja do bolo
No Castle Park (estádio do Knights), ele se adaptou rapidamente, ajudado pelos anos de estudo em uma escola de língua inglesa na capital chilena.
"O sotaque de Yorkshire é bastante difícil, talvez houvesse um pouco de barreira linguística, mas ele aprendeu muito rapidamente", lembrou à AFP o companheiro de equipe Billy McBryde, ex-jogador da seleção sub-20 do País de Gales.
"Tínhamos um bom relacionamento; ele me ensinava um pouco de espanhol e eu lhe ensinava algumas palavras em galês. Fizemos isso em todas as sessões de treinamento até o final da temporada. Foi uma coisa muito legal de se fazer", explica o jogador.
Sigren deixou o clube inglês no final da temporada para se preparar para a Copa do Mundo com seu país. Os Knights começaram a nova temporada em 8 de setembro, dois dias antes da estreia do Chile na Copa do Mundo e da derrota para o Japão.
"Ele tinha muitas opções para ficar no Reino Unido se não tivesse ido à Copa do Mundo, mas isso significava que ele perderia toda a pré-temporada e nós temos um elenco com apenas 32 jogadores e isso seria difícil para todos", disse Boden.
"Estávamos realmente procurando uma saída amigável para ele", acrescentou.
Contra a Inglaterra, Sigren, um dos poucos titulares chilenos em todas as três partidas, jogará mais uma vez com a camisa "6", na ala, e terá a difícil tarefa de parar os ingleses Billy Vunipola e Lewis Ludlam, vice-campeões do Rose em 2019.
"Estaremos divididos em nossos corações neste fim de semana. Eu sou inglês, mas uma vitória da Inglaterra com um ótimo desempenho do Chile seria a cereja do bolo", diz Boden.
"E para tornar tudo perfeito... Martin como o melhor jogador da partida. "Desejamos a ele todo o sucesso, exceto pela vitória", concluiu.