Peri chegou ao Minas em 2016 para treinar o time sub-20 e ser auxiliar da equipe adulta, ficando nesta condição até 2018. Sua promoção, tornando-se técnico do adulto, veio em 2019. Com um grupo jovem, que se classificou na 16ª e última posição entre os que avançaram da LNF 2022, o Minas foi além ao eliminar o favorito nos segundos finais do jogo de volta da segunda fase. 

Entre outras conquistas, estão o tricampeonato estadual sub-20 (2016 a 18), o título metropolitano e estadual adulto de 2019 e os títulos da Taça Brasil Adulta 2020 (realizada em fevereiro de 2021 por conta da pandemia) e sub-20 em 2021.

O resultado de 2022 acabou adiantando pouco na mudança de treinador, algo que parecia já estar no planejamento da diretoria de futsal do Minas, comandada pelo ex-jogador Marques, que defendeu Atlético, Corinthians e seleção brasileira.

"Foram dados alguns indícios sobre a minha saída, mas nada muito claro. Criou-se uma situação incômoda com essa dúvida, admito que não foi fácil manter o controle e cabeça boa sem saber qual seria meu futuro", comenta o treinador, que chegou a pedir para, caso fosse demitido, ser informado o quanto antes, afim de ganhar tempo para se reposicionar no mercado. 

A reportagem do Flashscore procurou o supervisor do futsal do Minas, Luiz Henrique Taveira, para ter um posicionamento do clube. "Foi um redirecionamento na forma de trabalhar. Perdemos atletas nos últimos anos, alguns que não gostaríamos, apareceram alguns sinais de que era a hora de mudar a forma de trabalhar. O mercado pode ter estranhado, mas houve um desgaste natural e preferimos agir desta forma", comenta. 

Confira entrevista completa com Peri Fuentes

Quais as maiores conquistas que teve no clube, não somente de resultados? 

Entre as maiores conquistas, além dos títulos, está a formação de diversos atletas que hoje estão em times de dentro e fora do Brasil. Muitos dos atletas que trabalharam comigo estão despontando em equipes da LNF, para quem é técnico isso não tem preço. Dos 15 atletas do sub-10, 10 estavam no time adulto. Em uma partida da LNF, contra Campo Mourão, em casa, que coincidiu com jogo do sub-20, usei cinco jogadores do sub-17. Esse é um legado importante. Tenho muito orgulho de dizer que contribuí no crescimento de vários atletas. Isso, para um técnico, é uma das maiores conquistas, se não for a maior. 

O que alegaram para sua demissão? 

Não queria falar muito disso, me apresentaram alguns motivos. O desgaste acontece após sete anos, tivemos algumas discordâncias, mas prefiro não entrar nos méritos. 

Sai com qual sentimento? 

De dever cumprido e gratidão ao clube por tudo que fizeram por mim e pela minha família. Me doei ao máximo, tentei sempre colocar o Minas nos lugares mais altos. Saio com a consciência tranquila. Devo um agradecimento especial ao Paulo Cesar Cardoso, treinador que me levou ao clube e ao ex-diretor Sérgio Versiani. 

Ficou surpreso, principalmente depois do resultado da última LNF?

Na verdade, não. Ao longo do ano, apareceram alguns indícios e situações que me fizeram perceber que poderia ser minha última temporada. Isso aconteceu ainda durante os playoffs da Liga. Imaginava que isso poderia acontecer, mas não tive atendido o meu pedido para evitarem de me comunicar no final do ano, quando muitos clubes já estão com suas situações definidas. 

Por que acha que tomaram esta decisão?

Essa é uma pergunta que deve ser feita à diretoria do clube. 

Já estava pensando na próxima temporada quando recebeu a notícia?

Chegamos a conversar sobre a possibilidade de renovação. Montamos um projeto, com este elenco, de três anos. O time foi remontado, nos últimos anos alguns jogadores se valorizaram e tiveram boas ofertas. Mas o resultado apareceu já no primeiro ano. Chegamos a conversar sobre chance de renovação, mas sem definições. 

Já recebeu algum contato para novo desafio?

Recebi dois convites e fechei com Umuarama (PR). O Paraná tem times muito fortes, são sete representantes na LNF. Dos quatro semifinalistas da última edição do Estadual, apenas um jogava a LNF, para se ter uma noção da forma do futsal paranaense.

Trabalhei duas vezes no Estado e agora vou começar, por lá, um trabalho do zero. Das outras vezes, cheguei no meio da temporada, situação que não é ideal. Estou feliz e motivado, por mim começava a trabalhar amanhã. Mas agora é hora de montar o elenco e recarregar as energias.